quarta-feira, 28 de maio de 2008

"..Vou apitar chamando os guardas, os anjos, Nosso
Senhor, as prostitutas, os mortos!
Venham ver a minha degradação,
A minha sede insaciável de não sei o quê.."

[Quintana]


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"-Me leva daqui.
Eu sempre quis fugir de algo que a mim nunca se mostra.
Sempre quis fugir dessa coisa vã de se estar vivo e viver assim, medíocre.
Nada disso parece saciar.
Mas o meu mal é não ter metas. Coisa mais triste aí não há.
Eu nem sei mesmo onde pretendo chegar e nem sei se é isso que quero."

Há o lado bom de se estar perdida. Há sempre a ânsia de se encontrar, mas acabar por se perder mais ainda.
Me perco sempre nessas ruas, me falta senso de direção e algo ou alguém que me oriente.
Me perco sempre em tantas vidas, eu coabito tantas delas.
É muito braço, muito lábio, muita perna. E eu sou só o ser mais só.
Que eu me quero e vejo assim, simples co-habitante, coadjuvante da cena alheia.
E é dessa forma que eu me gosto.
Eu não sei permanecer e roteiros e contratos me causam um mal estar tamanho.
É como estar de mal comigo. Tanta premeditação me remete a uma clausura das mais fundas do planeta.
Lá por onde o magma corre. Seco, quente e abafado.
È louvável saber partir. Se emprestar a certas coisas e depois se retirar.
E por mais rude que soe e, por deus, sem egocentrismo algum, eu agora me empresto.
E isso, convenhamos, pra quem que não garante permanência, é o mais sensato a se fazer.
Eu não nego companhia. Nem abraços, nem sorrisos. Carinho é coisa das mais bacanas.
E é o que eu deixo de mim. É o que tenho guardado de quem, assim como eu, não soube ficar.
Se doar é uma façanha pra poucos e, das mais árduas.
Só pode quem ama em tamanho extra-grande.
E a mim, o que fora do amor reservado, eu já sorvi.
Só que eu não sirvo mais pro choro. Eu cresci mais do que o que é saudável para uma pessoa crescer.
Eu envelheci pra bem mais dos vinte anos que no mês passado fiz.
E a vida perdeu muito do gosto, talvez por causa do cigarro ou da mesmice enjoativa.
É muito braço, muito lábio, muita perna. Vez ou outra isso me cansa.


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Comecei a tomar Ritalina, talvez agora meus poemas passem a ter começo, meio e fim.

That's all folks"

*estou encantada pelos comentários deixados aqui. =]

Um comentário :

Ana Gabatteli disse...

não me reconheço em suas palavras e sinto o pesar de não ser para elas. A brisa chegou forte demais embaraçou meus cabelos, confundiu meus pensamentos e me tornou ausente de motivos. As borboletas em meu estômago se debateram mas não por ser parte mas por descobrir parte de tão pequeno pedaço.
O texto tem o fim que deveria ter.. para q sua sede de escrever não acabe!